Deste ponto, seria sábio distinguir entre o método como é apresentado nos livros, de como é usado pelos magos individualmente. Ambos, magos caóticos e magos de Maat, tendem a ser muito individualistas (como é próprio nesta arte), e cada um tem sua própria forma de manejar sua Arte. Os magos são mais similares em sua independência e criatividade que em sua filosofia ou terminologia. Eu tenho me baseado, no que há publicado, modificado pela experiência e comentários dos praticantes.
Com a exceção do trabalho de Austin Osman Spare, há pouca inovação ou quase nada, no campo da magia ocidental desde a morte de Aleister Crowley até o começo de 1970. O trabalho de Jack Parsons, é totalmente Thelemico e se distingue por sua paixão a liberdade, independência e sua devoção a manifestação de Babalon. Charles Stanfeld Jones declarou no começo do Æon de Maat, porém ele falou ao desenrolar um sistema embasado na nova frequência da corrente mágicka. As explorações de Kenneth Grant ao lado obscuro da magia tiveram suas primeiras manifestações com o livro “Cults of the Shadow” em 1975 e este continua hoje em dia; vejo pouca menção de seu trabalho na literatura de Magia do Caos, exceto com a pessoa que deu a conhecer a vida e o trabalho de Spare.
A similaridade mais óbvia entre os dois sistemas, é que ambos são pós-Crowleyanos. A ciência, tecnologia e comunicações globais têm alterado radicalmente o mundo desde a II Guerra Mundial. Ambos métodos, bebem da mesma fonte em pontos de vista acerca do mundo, tecnologia e técnica. Magia do Caos se declara a si mesma como nova e Magia de Maat com honoráveis raízes. Porém o Sr. Max aponta:
“Sim, Magia do Caos é uma nova tradição, porém está
embasada na destruição das formas de tradições e definitivamente tem uma dívida
com o passado. Portanto eu poderia dizer que Magia do Caos deriva das
tradições mais antigas pela destruição, enquanto Magia de Maat deriva delas por
exploração”.
As diferenças nas similaridades entre os dois tipos de
magia, se refletem também nas semelhanças das diferenças, isto se compreenderá no
transcurso de nossa exposição.Ambas magias têm um mapa æonico. No “Líber Caos” o Sr. Carroll apresenta seu ponto de vista da psicohistória no passado, presente e futuro. Ele utiliza quatro Æons (Xamânico, religioso, racionalista e pandemonium) divididos em dois sub-Æons cada um (animista-espírita, pagão-monoteísta, ateísta-niilista e caoísta-?). Estes estão representados da esquerda para direita e por cima dos entrelaçados, três ondas representando o paradigma materialista, paradigma mágicko e paradigma transcendental.
A forma
das ondas mostra a relativa dominância de cada paradigma (o consenso de
realidade o Zeitgeist de uma cultura contemporânea em um ponto da história dada)
para cada Æon e sub-Æon.
Este é um elegante esquema e quero comentar, que eu não sei
se outros magos Caóticos apoiam ou não, mas para mim é uma ideia que tem
sentido. O Mapa Æonico de Maat consiste em:- Æon sem nome: Pré-história – caçadores/coletores: animismo, xamanismo, vodu.
- Æon de Isis: Fazendeiros, pescadores: A Grande Mãe e panteões pagãos.
- Æon de Osiris: Cidades-Estado, invasão, guerra: Judaísmo, Cristianismo, Islam.
- Æon de Horus: Energia atômica, rádio, televisão: Thelema, ateísmo, existencialismo.
- Æon sem palavras: O futuro manifestado ao redor de uma nova espécie originada da humana.
Æon sem palavras e o Æon Pandemonium, parecem representar a mesma condição; os caoístas parece que o vêem como um tempo onde a magia prevalece como caminho de vida e os maatianos como um duplo estado de consciência individual e coletivo. Ambos vêem o futuro muito diferente do presente à escala global e ambos vêem o desenvolvimento e o uso da tecnologia como parte fundamental desta diferença. (Nota: no transcurso e desenvolvimento da prática da Magia de Maat, eu tenho encontrado-me com a personalidade da dupla consciência do futuro humano, quem se chamava a si mesmo de N’ATON, pode-se ver o esboço desta ideia na Internet, ressurgindo enquanto falamos.)
Outra similaridade entre os Magistas, é que a fórmula dos
Æons transcorre e está disponível, para qualquer um que queira usá-las, isto
encontro no trabalho da Magia de Maat e chamo-o de PanÆonic Magick. Quero
dizer, que em algum lugar do mundo há pessoas que vivem e sentem sob a
influência de Æons diferentes. Em lugar de modelos lineares ou inclusive
acumulativos, o modelo do avanço mágicko que acredito que se aproxima à
realidade vejo-o atemporal, eterno e presente. Os escritos que têm-se visto
sobre Magia do Caos fomentam e anima ao livre uso das metáforas de todas as
culturas.
A Magia do Caos e de Maat também usam os sigilos mágickos de
Spare, o processo onde escreve-se sua intenção, reduz e refaz em uma abstração
sobre o papel (ou outro material), esquece-o e no momento de alto clímax é
relembrado, para que se manifeste no mundo físico.
O Processo de sigilização move a intenção desde o
consciente ao inconsciente, ou mais exatamente, segundo minha opinião, à mente
profunda, uma frase de Jan Fries (“Visual Magick, Helrunar). Isto é feito no
ato de esquecer. A mente profunda consiste em todo o poder acumulado no
curso de nossa evolução, desde as pequenas células, até a conexão com todas as
coisas, isto pode fazer-se sem restrições impostas pelo consciente e pelo Ego.
Fazendo que um escrito coerente, passe a ser algo incompreensível de maneira
que a mente consciente não possa manipulá-lo e se libere na mente pré/
pós-verbal da mente profunda.A Magia do Caos e de Maat também usam as crenças como ferramentas. Os humanos tendem a serem restritos às suas crenças, mantém uma específica doutrina o Kit de normas que provem de uma pseudo-segurança na restrição. Se vier slogans em Use como “a Bíblia disse, creia”. A maior parte das guerras tem sido graças às crenças religiosas (cruzadas, Jihads, etc), também é certo que têm havido outras por outros motivos filosóficos ou biológicos, como a guerra civil americana contra a escravidão.
Eu vejo a crença como uma extensão de nosso instinto de sobrevivência. A crença deve ser saciada de conteúdo, para que seja uma efetiva ferramenta mágica. Deve-se crer intensamente e apaixonadamente no momento que invocamos a forma de Deus ou senão a transformação não ocorrerá, sem embargo é necessário que o mago retorne a sua personalidade normal depois do ritual, senão o deus residirá permanentemente, e não poderias invocar outro. Tu necessitas estar limpo e receptivo como uma ferramenta bem engraxada.
O número oito também é parte importante em ambas as magias. As oito flechas irradiando desde o ponto central, é o primeiro símbolo do Caos, e é usado no “Líber Chaos” como esquema para os oito tipos de magia, que são descritos em várias cores.
- Negro: Magia de morte, para experimentar a própria morte, ou enviar encantamentos de morte (sem comentários), parece ressonar com Saturno.
- Azul: Magia de riqueza, é Júpiter,
- Verde: Magia de amor, reflete a natureza de Vênus.
- Amarelo: Magia do Ego vai com a energia solar, algo similar se encontra na Magia de Maat na dança das máscaras.
- Vermelho ou prateado: Magia sexual, o vermelho é a paixão e o prata é a Lua.
- Laranja: Magia do pensamento, de natureza mercurial.
Octarina: A pura magia é a cor que tu eleges pessoalmente como essência da magia. É interessante apontar ainda que a Magia do Caos não usa a estrutura da Árvore da Vida, as cores mencionadas acima correspondem em escala dos Reinos das Sephirot e com as mesmas atribuições. Para mim a Octarina me evocar a combinação do branco, negro e cinza em escala dos Reinos de Kether, Chokmah e Binah.
Outras similaridades são a criação de um templo astral em
um lugar privado que se dá no astral; os mundos probabilísticos e o Akasha; e os
homens que acreditam em deuses e estes se tornam independente através das
gerações de crentes e de sua devoção. Encontro outros parecidos quando leio a
literatura do Caos e eu convido-te a fazer tuas próprias investigações.
Nos textos e conferências sobre a Magia de Maat, eu tenho
que enfatizar que ela não tem a intenção de fundar qualquer Ordem, Coven ou
grupo oficial de praticantes. A razão disto é muito simples e básica. Magia de
Maat, como qualquer sistema válido de iniciação, se auto-destrói quando se
completa. Ela trabalha por si mesmo. O que fica é uma rede de colegas que
trocam informações ao decorrer e ajudam aos outros em seu caminho, recomendam
leituras e ocasionalmente se congregam em um Ritual. Este último é bastante
difícil já que a rede dos Magistas de Maat é internacional.
Os Magistas de Maat têm seus próprios estilos de
funcionamento e raramente se consideram a eles mesmo como “Magistas de Maat”.
Eu considero isto como um sinal muito saudável.Apesar deste espírito instável, existe (fundamentalmente no astral) a Loja Horus/Maat, cujo propósito é difundir a dupla corrente de Horus e Maat. Desde sua fundação o reconhecimento da existência do Pan-Æonic parece que tem aumentado. Essa não era minha ideia, porém as pessoas que querem que a loja continue tem minha cooperação em sua fundação. A Loja não tem direção oficial, nem encontro, nem taxas, nem estatutos, nem oficiais e nem graus.
A Magia do Caos tem por outro lado “Os Iluminados de Thanateros I.O.T.” para uma maior descrição ver o livro de Carroll “Líber Chaos”. O Sr. Max escreve:
“Claro que há mais palavras em alguns círculos!, há muito mais Magistas que tem sido expulsos da I.O.T. que de membros que continuam pertencendo a I.O.T.. Em minha, não tão humilde opinião, a I.O.T. deixou as portas abertas para qualquer um que decidiria ser o guru da Magia do Caos, então eles decidiram que seriam um instituto júnior da O.T.O., com um sistema de graduação por convite, colocariam o poder administrativo em mãos de uma pessoa e declarariam a “Guerra Mágicka” a qualquer um que não gostasse. Os fundadores Ray Sherwin e Peter Carroll abandonaram há tempo muito descontentes”.
Agora deve-se deixar claro, que o conceito de I.O.T. não é o mesmo que o “Pacto”. O Pacto é a ordem externa e a real I.O.T. é como a invisível A.·.A.·. – para praticar Magia do Caos tem que ser um “Iluminado de Thanateros” e ser membro de uma organização não é requerimento. Assim é como eu o vejo e creio que distancia muito da original concepção de Sherwin e Carroll.
Outra distinção que vejo é que a Magia do Caos usa “Servidores” enquanto a M.M. não. Os servidores são entidades criadas ou obtidas pela intenção do magista para que façam um serviço delegando poder a elas. Na M.M. tende-se a trabalhar através da impressão direta da corrente mágicka ou “deixar que as coisas fluam” através do qual o intento adquire o poder de manifestar-se.
Mr. Max disse: “Verdadeiramente os caoístas usam
“servidores”, porém há muitos trabalhos que caem dentro da categoria do
encantamento. Nós poderíamos extrapolar uma tendência como estrita “Lei”, já
que a maior parte dos trabalho não está embasado no uso de “servidores”.
Outra grande distinção que eu tenho encontrado,
embasando-me no que há publicado, é que a Magia do Caos focaliza sua atenção na
prática individual, enquanto que a Magia de Maat começa com o individual
para entender-se a raça humana e mais além. Para clarear o conceito da prática
individual na Magia do Caos Mr Max responde:
“Verdadeiramente isto acontece na superfície. Minha
experiência é que cada Mago caótico encontre sua própria emfase em “ir
adiante”, porém não é tão estrito. Em meu próprio caso, vejo grande efeito em
minha prática mágicka em trazer o “PanDaemonÆon” ao Æon extra-sensorial,
comunicação entre os homens e máquinas, estão logo na esquina e cruzam a linha
entre a magia e a tecnologia (já se tem cruzado, ou diga-me se um computador
não é algo mágicko). Para mim a Magia é a esperança e o sonho da humanidade,
nossa última salvação”.Eu vejo o auge da Magia do Caos como um bom sinal de que a Magia está viva e cresce no final do século XX. Parece-me que vai na mesma direção que a Magia de Maat, para o “Ponto Omega”, que é a radical transformação individual e como espécie. Antecipo a elevação de outras Magias também, surgindo da criatividade daqueles que entendem os princípios subjacentes dos efeitos individuais, efetuando trocas Macrocósmicas através da precisão e perícia do trabalho Microcósmico. Se estiveres interessado em saber como funciona o processo, aconselho-te que leia os seguintes livros.
Peter J. Carroll: Liber Null Y Psychonaut. Samuel Weiser 1987.
Liber Chaos. Samuel Weiser 1993.
Jean Fries : Visual Magick :a manual of Freestyle Shamanism. Mandrake of Oxford, 1992.
Kenneth Grant: Cults of the Shadow. Frederick Muller Ltd London, 1975
Skoob Books Publishing, London, 1993.
Phil Hine: Condensed Chaos: An
Introduction to Chaos Magick. New Falcon Publications, AZ 1995.Liber Chaos. Samuel Weiser 1993.
Jean Fries : Visual Magick :a manual of Freestyle Shamanism. Mandrake of Oxford, 1992.
Kenneth Grant: Cults of the Shadow. Frederick Muller Ltd London, 1975
Skoob Books Publishing, London, 1993.
Nema: Magia de Maat: A Guide to Self-Initiation. Samuel Weiser, 1995.
Edição: AShTarot Cognatus
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