Confissões: 3
(Retirado de Fenrir nº 3 1999
E.V)
ONA
Dizer que a senhora
elegante que me surpreendeu assaltando seu apartamento do quinto andar me seduziu
é apenas parte da verdade. Eu fui de bom grado seduzido. Na manhã
seguinte, introduções a parte, ela disse que havia pedido a seu príncipe para
trazer a ela um companheiro. Ela servia ao príncipe das trevas – do seu próprio
modo, sem formalidades ou grupos. Ela sabia um pouco do que eu, até então
consideraria como magia tradicional – de cunho cabalístico; ao vez disso, sua
própria tradição era diferente, e possivelmente única. Ela era uma sacerdotisa
negra, uma Juliette moderna e sutil (a variação de Sade, não de Shakespeare)
– uma predadora de homens, através dos implementos de seu corpo e olhos.
Muito
naturalmente, nós nos tornamos companheiros, ela encontrando um prazer sexual em arrombar casas (e as vezes não satisfeita facilmente durante um trabalho
difícil) e eu encontrando através dela novas habilidades na magia – e sexo, é
claro. Nós permanecemos alguns meses juntos, num frio mas ensolarado inverno há
muitos anos atrás. Então eu
cometi um erro – eu me apaixonei por ela, e a pedi em casamento. Naquela noite
ela disse muito pouco – exceto com seu corpo. Mas pela manhã ela se foi - para
América, me deixando um bilhete. E eu achava que entendia as mulheres.
Eu tentei
encontrá-la, sem sucesso e, me sentindo um pouco deprimido pela primeira vez na
vida, fiz uma promessa, deixei a cidade e arranjei um emprego. Sim, o serviço
público. Eu sempre fui aos extremos. O trabalho curou minha depressão – duas
semanas depois de começar eu saí para o intervalo de almoço e não voltei,
triste por perder meu novo guarda-chuva desde que choveu aquela tarde. Mas as
duas semanas de uma labuta de escrivaninha, destruidora de alma, se provaram úteis de uma maneira – eu
conheci alguém com um interesse em magia cuja esposa era muito bela. Eu
mantive contato e isso não foi muito antes de eu realizar o primeiro ritual em
sua casa. Eles estavam sendo irritados por seus vizinhos e eu enviei uma força
para espalhar medo e ansiedade. Uma semana depois, os vizinhos anunciaram que
iriam se mudar. Isso impressionou meus amigos, e naquela noite eu iniciei a
esposa (sexualmente, é claro), que alguns dias mais tarde iniciou o marido.
Eles transformaram um dos seus quartos em um templo satânico sob minhas
instruções, e eu fiz da esposa minha sacerdotisa.
Gradualmente,
nosso grupo aumentou, e eu logo eu me encontrei coordenando um templo de mais
de uma dúzia. Nossa magia era negra, e bem sucedida – quem precisava de crime?
Foram-me dados presentes, emprestaram-me um apartamento, conheci muitas
mulheres, interessantes e atraentes, e por muitos meses essa vida continuou até
uma noite, depois de conduzir um ritual de iniciação, eu percebi que agora estava desempenhando o papel que
anos atrás eu havia desprezado quando foi desempenhado pelo alto sacerdote do grupo
de minha própria iniciação. Eu estava exercendo o mesmo controle que ele havia
e estava contando as mesmas fábulas para melhorar o meu carisma e o do grupo.
Insatisfeito, eu passei a me envolver com violência. A violência purificou, e eu me peguei vagando pelas ruas com alguns meliantes cujos serviços eu havia usado na ocasião para realizar um teste de fidelidade aos interessados no templo. Nosso pequeno grupo tinha uma causa, e nós, como uma tribo moderna, tínhamos muitos inimigos, então brigas eram fáceis de encontrar. Havia gozo nessas batalhas, no seu planejamento; uma explosão de vitalidade. A vida era bruta, real e excitante, e essa expressão física complementou minha vida mágicka.
Insatisfeito, eu passei a me envolver com violência. A violência purificou, e eu me peguei vagando pelas ruas com alguns meliantes cujos serviços eu havia usado na ocasião para realizar um teste de fidelidade aos interessados no templo. Nosso pequeno grupo tinha uma causa, e nós, como uma tribo moderna, tínhamos muitos inimigos, então brigas eram fáceis de encontrar. Havia gozo nessas batalhas, no seu planejamento; uma explosão de vitalidade. A vida era bruta, real e excitante, e essa expressão física complementou minha vida mágicka.
Então, numa fatídica
e calorosa noite de verão depois de um pequeno conflito, nós fomos
subitamente cercados por viaturas da polícia. Preso, acusado e levado a prisão
preventiva para ser finalmente mandado pra cadeia. Essa se mostrou uma
experiência interessante, e eu posso recomendá-la á todos aqueles que aspiram a se tornarem
adeptos – uma única vez se você é fraco de espírito. Por volta de seis meses de uma vez está correto.Você certamente – se você possui alguma inteligência e espírito
– irá encontrar o que é realmente importante pra você. De qualquer modo, eu deixei a prisão
com mais dinheiro que quando entrei, executando um negócio rentável
vendendo chá roubado dos armazéns (isso foi nos dias antes das drogas serem
usadas em tais locais).
Eu não sabia, realmente, o que era liberdade antes de
perder a minha própria. Minha sacerdotisa e sacerdote estavam felizes por me
ver - eles mantiveram um grupo
funcionando e minha primeira noite livre coincidiu com um jantar que eles prepararam para dois possíveis membros, um homem e sua esposa. Para abreviar a história, depois
da refeição a esposa pediu licença para ir ao banheiro, eu a segui e nós
fizemos amor extático no chão do banheiro. Bom, isso tomou muito tempo e seus
olhos eram muito convidativos, eu retornei, falei com seu marido sobre magia
e seu único comentário foi: “Eu não sei, mas não confio nem gosto de você”. Imbecil, o que eu poderia dizer? Mais tarde a sacerdotisa veio a minha cama.
A vida se tornou como era antes: mas quem quer viver em seu passado? E eu não queria jogar o papel/jogo do “mestre” apesar de algumas de suas atrações. A prisão
me concedeu uma nova perspectiva e eu quis viver, realmente viver, no limite.
Satanismo se tornou pra mim naquela época uma filosofia sob a qual eu vivia – mate os
outros antes que eles matem você, mas sempre seja honroso (essa parte é onde o
satanista de brinquedo falha) e morra antes de se submeter a alguém.
Eu busquei uma causa para me permitir viver isso. Então encontrei uma guerra em algum lugar. Não era uma grande guerra, era mais do tipo guerrilha. Isso tornou-se bom – estando perto da morte: os momentos no meio foram transformados e desfrutados ainda mais. Havia uma pureza em viver desse modo com perigo constante, algo que os fracos jamais irão entender. Satanismo despreza covardes – esse sempre foi o caminho do guerreiro. E eu não sou o tipo que os “modinhas” falam (“Guerreiros do caos”). Eu sou do tipo que realmente mata e cujas mãos estão banhadas em brutalidade e sangue.
Minha vida tornou-se
um tipo de constante invocação ao
Príncipe das Trevas. O instinto e espírito eram triunfantes: como eles não são na
nossa atual sociedade imbecil onde excelência é rebaixado e onde cálculo,
covardia e sub-humanos dominam. Eu aprendi algo de grande valor sobre minha fé
– aquela fé elitista chamada Satanismo - foi que ela trata essencialmente de
auto-excelência – desafiando as probabilidades – e não, como muitos dizem,
tratar-se de algo material. Ela significa lançar a si mesmo objetivos além do
ordinário e alcançá-los, viver com estilo.
Esse aprendizado
custou-me caro – Eu fui ferido, e forçado a me retirar da guerra. Até hoje, os
efeitos desse ferimento duram, como os efeitos do que eu descobri sobre mim
mesmo, sobre as mulheres e sobre o mundo. Eu atravessei o Abismo. Mas isso não
é pra mim explicar aqui, o que jaz além do abismo, exceto dizer que
pessoalmente, eu acho que nós podemos criar uma existência para nós mesmos
depois da morte. A palavra chave é criar. Essa existência não é dada – não é
atada a nenhum conceito moral como “pecado”. É uma forma de magia, realmente
a mais alta e mais secreta forma. Essa vida é, se você quiser, um tipo de
oportunidade que só temos apenas uma vez, porém muitas pessoas a têm e
desperdiçam-na. O portal está lá, mas poucos veem isso, e menos ainda empurram
aquele portal para abrir e seguem o caminho além. A chave é o êxtase da existência que é tudo o que irei dizer sobre
a genuína pedra dos filósofos, que pode apenas ser produzida no cadinho da
escuridão (i.e. Satanismo)
Não há um fim real para
minha vida enfadonha – eu retornei a
Inglaterra, um pouco mais sábio, entendendo a perspectiva cósmica além
de todo o cerimonial e resultados mágickos. Isso é o verdadeiro entendimento do
mestre (e da senhora da terra) – sua magia é e sempre têm sido magia
aeonica, que é, alterar o mundo. Na maioria da vezes, esses indivíduos estão
escondidos.
Por agora, Eu estou
meio satisfeito – satisfação deve vir apenas após a morte (se vier). A moral de minhas peregrinações
(se houver alguma) é: se ousar, aprenda por si mesmo indo aos extremos; se
você não consegue fazer isso porque de alguma maneira você não é livre, então
encontre alguém que tenha percorrido esse caminho antes de você e deixe-o
guiá-lo. Apenas guia-lo, mente. Você deve ser guiado apenas a experiência – porque
experiência é o fogo que purifica e cria.
Você pode me encontrar,
um dia – mas não irá me conhecer, a não ser que eu queira. Por que eu tenho
muitas faces que mostro ao mundo, e até aqueles que professam ser “adeptos” e
“mestres” eu posso enganar – porque, diferente de mim, eles não são naturais. E
sim no caso de você estar se perguntando, eu sou humano – tendo me apaixonado
enquanto jazia ferido e a beira da morte. Todo mestre necessita amar uma
senhora depois de tudo, aqui jazem enigmas que apenas o sábio irá ver.
Tradutor: Temujin Ras Al´Ghul
Revisor: AShTarot Cognatus
Tradutor: Temujin Ras Al´Ghul
Revisor: AShTarot Cognatus
- Ordem dos Nove Ângulos -
Nenhum comentário:
Postar um comentário